sexta-feira, 18 de abril de 2014

FATOS HISTÓRICOS DE DIAMANTINA (III)

FATOS HISTÓRICOS  DA “SANTA CASA DE CARIDADE” 
DE DIAMANTINA
HOMENAGEM AOS 220 ANOS DE SUA FUNDAÇÃO
23 / maio /1790 – 23 / maio / 2010
                                   

“Diamantina Patrimônio da Humanidade”
“Santa Casa Patrimônio da Comunidade”
(Doutor Fernando Antônio Lopes Magnani)

PARAFRASEANDO O LAHMA / DOUTOR:
"Não se deve esquecer: O Antigo se harmoniza com o Moderno 
e o Moderno se abraça fraternalmente com o Antigo.
Nas Práticas Médicas: no Antigo se possui a Sabedoria; 
no Moderno (atual) se tem a Tecnologia;  
Ação com Sabedoria e Tecnologia.

Aqui deve ser um lugar de `cuidar da pessoa ´, do paciente; 
não só das doenças e enfermidades: 
Aqui é lugar de ` Cuidar da Vida ´.
A Arte Médica é ofertada, outorgada pelo 
Grande Arquiteto dos Universos, por Deus"!

“Onde existe Arte, tem de haver 
          um mestre Artesão”.  
            
  Pesquisas e Doação da Escritora Diamantinense 
Maria da Conceição Duarte Tibães, 
autora do Livro:
“O ARTÍFICE JOHN ROSE, UM INGLÊS EM DIAMANTINA”.



TONINHO – (Antônio Carlos Fernandes) – 1º Secretário da Mesa
 Administrativa da Santa Casa de Caridade: - “Gostaria de ouvir alguma coisa sobre a Construção do Novo Prédio da “Santa Casa de Caridade” de Diamantina, e da Capela, outra obra atribuída a JOHN ROSE, responsável dos Cartões Postais de Diamantina,
 no final do século XIX.
Sei que o senhor Geraldo Magela Tibães, (bisneto do Construtor) 
e Dona Maria da Conceição Duarte Tibães, sua esposa,
 além de conhecerem a História, fizeram uma boa pesquisa
 sobre ela”. 
            
A escritora, desde os 10 anos de idade, é frequentadora 
assídua da “Santa Casa”.

GERALDO – Sim.  Exatamente. A Tia Modestina Falci, 
que era irmã de minha avó Cristina Falci, (nora de JOHN ROSE, casada com seu filho João Miguel Rose),
 sempre nos falava sobre este assunto, dizendo que foi
 JOHN ROSE 
o Construtor da Capela e dos Pavilhões Novos 
da “Santa Casa de Caridade”.  

Tia Modestina residiu juntamente com a tia Zezé, 
Maria José Falci Rose (neta de JOHN ROSE e irmã da Mamãe, Maria Cristina Falci Rose Tibães), muito tempo, 
na Rua da Caridade 133, onde hoje reside a senhora 
Terezinha da Conceição Reis Mota, esposa do falecido 
Antônio “Caixinha”. 
Esta casa é em frente a “Santa Casa” e,
 “logo que se vê, nota seu o estilo Inglês”, comentou a senhorita 
Leila Guedes, nossa vizinha.
Fizemos pesquisas nos livros antigos da “Santa Casa”, 
como também na Biblioteca “Antônio Torres”.

CONCEIÇÃO – Foram lidos os Relatórios da Administração da “Santa Casa” de 1870 a 1890 e Livros de Receitas e Despesas de maio de 1832 a julho de 1908 encontrados, ainda em bom estado 
e apresentados pela Mesa Respectiva e pelos senhores
 Provedores daquele tempo.

A impressão de alguns Relatórios foi feita na 
“Oficina Typographica” do Commendador Herculano Carlos 
de Magalhães e Castro o “Cula”, compadre de JOHN ROSE, padrinho de Herculano Boby Rose, bem como proprietário 
do Jornal “O Jequitinhonha” e Thezoureiro daquela época. 
(Folheto da Conta Corrente do ano de 1871).

No Relatório sobre a “FUNDAÇÃO E HISTÓRIA”, 
Na pág. 02, lemos o seguinte:

“A 23 de Maio de 1790, dia em que cahio a festa da Pascoa do Espírito Santo, foi fundada a “Casa de Caridade” do então Arraial do Tijuco e hoje cidade de Diamantina, sendo o Governador da Capitania das Minas Gerais o Visconde de Barbacena, Intendente Geral dos diamantes no referido arraial o dezembargador Luiz Beltrão de Gouveia e fiscal o Dr. João Ignácio do Amaral,de terrível memória.

Para esse fim, comprou-se ao Capitão Manoel de Souza por 3:500 cruzados, uma pequena casa de defeituosa construção, em frente da ponte de pedra que vae  ter à Rua da Luz. Essa quantia foi paga em partes iguaes pelo Capitão Manoel Rodrigues de Carvalho e pelo Revd. Pe. Dr. Carlos da Silva e Oliveira Rolim.

Esse Padre Rolim era filho de José da Silva Rolim e Oliveira, em cuja casa, um ano antes se fazia aqui as reuniões secretas dos chamados INCONFIDENTES, e irmão do PADRE JOSÉ DA SILVA E OLIVEIRA ROLLIM, que por largos annos jazeu na prisão de Limoeiro, em Lisboa, acusado como cúmplice do TIRADENTES e dos outros auctores da mallograda tentativa da independência do Brasil em 1789.

Como se sabe, pelas “Memórias do Distrito Diamantino”, do Dr. Joaquim Felício dos Santos, JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, O “TIRADENTES”, na sua passagem pelo Tijuco, vindo da Bahia para Vila Rica, iniciara na gloriosa conjuração republicana com diversos habitantes de nossa população e a família Rolim, tornou-se aqui o núcleo dos patriotas.

O Padre José da Silva Rollim sofria a prisão e o degredo na África, enquanto seu ilustre irmão fundava o Hospital do Tijuco.  Assim por mais de um titulo é essa família credora das sympatias do povo diamantinense".

Comprada a casa foi ella entregue ao  ERMITÃO MANOEL DE JESUS FORTES, COGNOMINADO IRMÃO FUNDADOR E ZELADOR GERAL DO HOSPITAL 
E MAIS TARDE “ ESMOLER”




CONSTRUÇÃO DO NOVO EDIFÍCIO DO HOSPITAL

Falando sobre o EDIFÍCIO DO NOVO HOSPITAL, 
lemos o seguinte:

“A antiga casa, construída em 1792, era um edifício de construção acanhada, em parte térrea, sem compartimento adequado, com mesquinhos quartos forrados de esteira, mal arejados e sem nenhuma das condições sanitárias requeridas em um Hospital (...).[Image]Da Mesa Administrativa fazião parte como Provedor o Dr. Manoel Alves Ferreira Prado e o Thezoureiro o Commendador 
Sr. Herculano Carlos de Magalhães e Castro, "o Cula"
(desde 1864 até 1870).



Compenetrada da necessidade de crear um novo edificio segundo os preceitos da hygiene e digno da importante Cidade de Diamantina, consultando os seus sentimentos de caridade e desejos de prestar tão relevante serviço ao nosso torrão, emprehendeu elevar desde o alicerce e sobre as ruínas do casebre o BELO HOSPITAL QUE HOJE CONTA-SE ENTRE OS MELHORES EDIFICIOS DE NOSSA CIDADE". 

"Para esse audaz commetimento, só havia em cofre a quantia de 535$000. Não menos de 30:383$201 agenciou por subscripção, esmolas e donativos a ilustre mesa credora da gratidão dos que se interessão pela causa da pobreza enferma (...).

Em 02 de janeiro de 1866 ergue-se o primeiro esteio da construção do novo hospital.No primeiro de janeiro de 1867, teve lugar a cerimônia religiosa da benção da capella da Padroeira “Santa Isabel”, pelo Ex.mo e Rev.mo. Sr. D. João Antonio dos Santos, Bispo de Diamantina”... (paginas 7,8 ss.).                                                                     



UMA PARTICULARIDADE 
QUE CHAMA A NOSSA ATENÇÃO:
 NO JARDIM INTERNO DO PRÉDIO DA “SANTA CASA”,
para ventilação das enfermarias e quartos dos pensionistas, são
 os detalhes arquitetônicos idênticos aos do Mercado Municipal, (Velho); os arcos eram construídos de madeira, hoje substituídos por alvenaria, porém foi deixada uma amostra, antes da escada que leva aos consultórios do andar térreo e ao Laboratório, por sugestão do Senhor Doutor José Aristeu de Andrade.

Pode-se fazer uma comparação entre os “irmãos  estilísticos”: 
prédios do Jardim da “Santa Casa” e do Mercado Velho de Diamantina, com a Rancharia Britânica de Honduras, 
na América Central (Belice) 

“No século XIX, os ingleses marcaram de forma acentuada a arquitetura, a música e uma variedade enorme de artes mecânicas. Aproximadamente nessas referidas construções, observa-se os mesmos traços definidores de um determinado estilo”. 
(Antônio Carlos Fernandes, 1º Secretário da Mesa Administrativa 
da “Santa Casa”, em 2010)

Infere-se que os Arquitetos e Urbanista Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, inspirados em obras de JOHN ROSE, tais como esses detalhes arquitetônicos, e decorações das janelas do Fórum, entre outros, materializaram a influência recebida desse artista que pode ser percebida em monumentos de Brasília.

(Seguem explicações excelentes sobre toda a construção. Por falta de espaço, não há condição de copiá-las. Em tudo, porém, vemos a marca do Arquiteto Inglês, John Rose, seu estilo).


(Foto da Rancharia doada pelo Historiador Antônio de Paiva Moura, de seu acervo, tirada do Volume III 
da Enciclopédia “Mundo Pitoresco”, S. Paulo. Ed. Jackson, 1972, (pág. 692)
Foi esta a “Fonte de Inspiração” de John Rose para construir
 o Jardim da “Santa Casa”e o Mercado Velho de Diamantina.

5ª –  Foto de prédio reformado por JOHN ROSE, naquela época, para residência de Dom João Antônio dos Santos.
Hoje Fórum “Dr. Joaquim Felício dos Santos”.
(Antes era Cadeia Pública).



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